A transição estacional entre o Inverno e o Verão
    decorre de modo diverso, consoante se trate da passagem deste para aquele ou o
    contrário.
    Enquanto a passagem do Inverno
    para o Verão é muito perturbada, com uma constante alternância de dias mais
    quentes e dias mais frios, a transição do Verão para o Inverno é mais
    calma, lenta e gradual. O modo intempestivo como se processa a passagem do Inverno para
    o Verão surge, com evidência, na análise da curva correspondente ao desvio
    padrão das temperaturas máximas, quando a partir de 1 de Março se atingem
    "picos" de grande irregularidade, ao mesmo tempo que se vai assistindo a um
    aumento progressivo e cadenciado da temperatura média máxima. Março e Maio são dois
    meses em que a probabilidade de ocorrência de dias com características térmicas muito
    diversificadas se sucedem "naturalmente".
    A probabilidade das temperaturas
    mínimas não ultrapassarem os 0°C neste período ronda apenas os 5%. Dias com
    temperatura mínima acima dos 10°C também têm pouca probabilidade de ocorrer, embora
    sejam mais prováveis do que os extremos inferiores (<10%).
    No Verão, as temperaturas
    mínimas mais prováveis situam-se entre 14°C e 16°C.
    Entre finais de Junho e meados de Agosto, não têm grande significado, em termos de
    probabilidade de ocorrência, os valores próximos dos 18°C (=7%), nem as temperaturas
    mínimas à volta dos 12°C (10%).
    Os valores de temperatura
    máxima mais prováveis no período de Verão rondam os 24°C - 26°C.
    Dias com temperatura máxima superior a 32°C e inferior a 18°C são relativamente pouco
    prováveis (10%).
    Quando a circulação do ar se faz
    dos quadrantes W, SW ou NW as
    temperaturas máximas são mais baixas, devido ao efeito da humidade que
    transportam. Quando os fluxos de ar têm um percurso de E, SE
    ou NE , significa que é muito quente e seco, propiciando a ocorrência
    de temperaturas máximas muito elevadas.
    A proximidade de dois importantes
    mosaicos de água  o mar e o rio - não permite que as temperaturas mínimas sejam
    muito baixas. A grande humidade relativa durante a noite, impede que o ar arrefeça tanto
    como acontece um pouco mais para o interior, onde a influência da brisa mar-terra já
    não se faz sentir.
     
    
    A análise dos totais mensais ao
    longo dos últimos 90 anos traduz claramente a posição litoral e desabrigada,
    relativamente à influência do ar húmido proveniente do Oceano Atlântico. A total
    inexistência de obstáculos à penetração do ar vindo de W, é, nesta área,
    determinante para entender o comportamento da precipitação.
    Só Julho e Agosto registam totais
    mensais baixos. Todos os outros meses do ano têm, em média, totais mensais
    consideráveis. A irregularidade da série é muito grande
    em qualquer época do ano. A leitura dos coeficientes de variação para cada série
    mensal, demonstra, indiscutivelmente, a grande diversidade de valores ocorridos em
    qualquer dos meses. Maior, claro, nos meses de Junho, Julho e Agosto porque é a época do
    ano em que as quantidades de precipitação raramente ultrapassam os 50mm. Alguns anos
    excepcionais em que este total mensal foi ultrapassado, ainda que em poucos milímetros,
    são responsáveis pelo elevado valor do coeficiente de variação, um indicador da
    variabilidade relativa à ordem de grandeza da variável.
    A irregularidade que este elemento
    climático assume nesta área não se limita apenas a diferenças consideráveis nos
    totais mensais, o que acontece naturalmente em qualquer outra estação e serve para
    tipificar, anos secos e anos húmidos. Aqui, como sugerem os valores mais elevados e mais
    baixos registados em cada série mensal, a irregularidade estende-se a qualquer mês do
    ano.