ARAÚJO, M. A. - Paleoambientes fini-terciários e quaternários no litoral da região do Porto - Dinamica y Evolución de Medios Cuaternarios - Actas do Simpósio Internacional sobre Paleoambiente Quaternario na Península Ibérica, Xunta de Galicia, Santiago de Compostela 1995, p. 359-373.
Resumo
Paleoambientes fini-terciários e quaternários no litoral da região do Porto
Um dos traços comuns a quase todo o litoral português é a existência de uma faixa aplanada, designada, entre nós, como Òplataforma litoralÓ, situada a altitudes variadas e limitada, para o interior, por um rebordo, geralmente em contraste nítido com a referida área aplanada.
Embora menos extensas e regulares, essas superfícies assemelham-se às rasas do litoral norte da Península.
Durante muito tempo a plataforma litoral foi interpretada como um testemunho passivo das variações eustáticas, que teriam originado uma escadaria de ÒníveisÓ, designados por critérios altimétricos. O rebordo que a limita para o interior seria, logicamente, uma arriba fóssil.
Todavia, um estudo detalhado dos depósitos da plataforma litoral na região do Porto veio provar que muitos desses depósitos têm características fluviais. Os depósitos marinhos são relativamente raros e limitam-se a ocupar a parte exterior da plataforma, desenvolvendo-se a altitudes inferiores a 40m.
Existem provas de uma movimentação tectónica recente, já que os depósitos mais altos da plataforma estão afectados por diversos acidentes, geralmente de tipo compressivo.
Os depósitos do sector mais alto da plataforma apresentam dois conjuntos de fácies, que correspondem, aparentemente, a duas fases diferentes na evolução do relevo:
Os depósitos inequivocamente marinhos, de que identificamos três níveis, só aparecem abaixo dos 40m.
Separando os depósitos fluviais dos marinhos existe um degrau nítido e bastante rectilíneo que sugere uma escarpa de falha.