ARAÚJO, M. A. - Fácies fluvial versus marinho nos depósitos da plataforma litoral da re-gião do Porto - Actas da III reunião do Quaternário Ibérico, Coimbra, 27 Setembro a 1 Outubro de 1993, p. 225-235

RESUMO

Fácies fluvial vs. marinho nos depósitos da plataforma litoral da região do Porto

Nas publicações dos anos 40 e 50 designavam-se os depósitos desta área como sendo, exclusivamente, "praias levantadas". A respectiva atribuição crono-estratigráfica fazia-se através de critérios altimétricos. Já num trabalho de 1985, apresentado na Reunião do Quaternário Ibérico de Lisboa, nos referimos a esta questão, tentando provar, através da utilização de critérios granulométricos e morfoscópicos, que, pelo menos alguns dos depósitos mais altos não corresponderiam a antigas praias, mas sim a depósitos de tipologia fluvial.

Sendo assim, haveria que explicar a relação desses depósitos com o relevo que o limita para o interior, ultrapassando a primitiva ideia de que se trataria de uma arriba fóssil, já que só abaixo dos 40m, nos aparecem depósitos de fácies inequivocamente marinho.

Um estudo sedimentológico mais aprofundado revelou-nos que, entre os depósitos que se situam acima dos 50 metros e os que lhe ficam imediatamente abaixo existe, além da aparente variação de fácies, um contraste acusado relativamente à frequência e composição da fracção fina, que sugere uma idade mais recente para os referidos depósitos marinhos. Pretendemos dar algumas achegas sobre o modo de formação dos patamares mais elevados da plataforma litoral, o contraste dos respectivos depósitos com os dos patamares situados abaixo dos 40m, a origem do degrau que os separa e, ainda, discutir a influência da neotectónica no processo de formação e evolução da plataforma litoral.

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