OS TUFOS DE CONDEIXA NO CONTEXTO DO QUATERNÁRIO PORTUGUÊS
C. S. R. GOMES*, A. F. SOARES* e L. CUNHA**
A diversidade das formas características dos tufos calcários, algumas já modeladas pelo Homem, traçam a paisagem duma área com cerca de 10 km2 que inclui, entre outras, as povoações de Condeixa-a-Velha, Conímbriga e Condeixa-a-Nova.
Dos estudos efectuados nos Tufos de Condeixa resultam as seguintes observações:
- Os seus volumes traduzem a memória de variações paleoclimáticas inscritas: (1) pela variação de fácies, desde conglomeráticas (Cgq, Cgc e Cgg) a pelíticas (Pa e Pc), a de tufos de acumulação (Taf, Tag e Tt) e a de tufos em cortina (Tc); (2) pelas descontinuidades impressas no seu registo sedimentar; (3) pelo significado dos elementos paleontológicos; (4) pela variação dos parâmetros magnéticos traduzidos, em especial, dos valores de momento magnético inicial (J0) e susceptibilidade magnética inicial (Kin).
- Os minerais magnéticos presentes nos tufos são estruturas ferrimagnéticas a julgar pelas curvas de desmagnetização tanto térmica, como por campos magnéticos alternos, e da magnetização remanescente isotérmica. Os ferrimagnetes poderão ser biogenéticos, associados à actividade bacteriana, ou mesmo detríticos.
- Das análises radiométricas pelo método U/Th, destacam-se os seguintes resultados: (1) entre 0,450 e 1,5 Ma para as fácies Pa; (2) 103,7 [+6,2/-5,8] e 26,7 [+1,1/-1,1] Ka para as fácies Tt. No entanto, a contaminação detrítica reduz o significado radiométrico das idades.
- Admite-se um processo de edificação a partir de Plistocénico inferior, com marcas de um Microcrono de Polaridade inversa (excursão) que poderá corresponder ao C1n-1, (ou mesmo às excursões Laschamp (37-35 Ka) ou Mono Lake (27-25,5 Ka)), ao Holocénico, pelo menos a 2 Ka, dada a inclusão, para o topo, de artefactos romanos.
- Deverá considerar-se uma fase anterior à organização dos Tufos de Condeixa e testemunhada pela presença de calhaus de tufo nos corpos conglomeráticos da base (Cgg + Cgc).