II Jornadas do Quaternário da APEQ; Porto, FLUP, 12-13 Outubro de 2000

O NÍVEL DE MORA-LAMAROSA (NML) E PRIMEIROS TERRAÇOS (T1), NO TROÇO E-W DO RIO DO TEJO (PORTUGAL). (ENQUADRAMENTO GEOMORFOLÓGICO E ESTRATIGRÁFICO)

MARTINS, A. A. *

*Departamento de Geociências da Universidade de Évora. Rua Romão Ramalho, 59, 7000-671 Évora. Tel. 266744969, Fax 266744971,

e-mail: aam@uevora.pt
 
 

Resumo

O NML constitui a primeira forma de relevo relacionada com o embutimento dos cursos de água na superfície culminante (SC) da Bacia Cenozóica do Baixo Tejo (BCBT). Trata-se de uma superfície erosiva, que trunca as formações pliocénicas da BCBT, nas áreas de Mora e S. José de Lamarosa, onde apresenta altitudes de 120-130 m. Desce para o lado ocidental, entrando em continuidade com os terraços mais elevados do Tejo e do Sorraia (T1). O NML está embutido numa superfície mais alta (SC), da qual restam relevos residuais, testemunhos do nível atingido pelo enchimento sedimentar terciário.

Apresenta-se, em "poster", a cartografia geomorfológica do NML, nas áreas contíguas ao troço E-W do Tejo. Mostram-se: a relação deste nível com os terraços mais antigos do Tejo (T1); elementos sedimentológicos e petrográficos destes terraços e dos Conglomerados de Serra de Almeirim (Cgl. SA). Sugere-se um enquadramento morfoestratigráfico do NML com níveis, do mesmo género, de outras bacias continentais portuguesas.

A expressão cartográfica mostra continuidade espacial do NML com níveis locais das áreas contíguas aos troços E-W e NNE-SSW do Tejo, situadas a montante do troço inferior do Tejo. A continuidade espacial do NML com as aplanações do "Campo Militar de Santa Margarida", de "Domingos da Vinha e Cunheiras-Tolosa" e com o "nível de Fratel", em Vila Velha de Ródão, a que se junta a equivalência litostratigráfica das formações onde as referidas aplanações se encontram embutidas, mostram que todas correspondem ao primeiro embutimento da rede de drenagem na superfície definida pelo topo do enchimento final dos Cgl. SA, ou de unidades litostratigráficas equivalentes desta.

O estudo sedimentológico dos Cgl.SA e dos terraços (T1) mostra que os primeiros constituíram a principal fonte de alimentação dos últimos. Contudo, os depósitos dos terraços T1, revelam diferenças ao nível da composição, granulometria da matriz arenosa e dimensão dos elementos siliciclásticos, que insinuam alteração das condições de hidrodinamismo dos cursos de água e uma reorganização diferente dos mesmos, relativamente ao período anterior em que se depositaram os Cgl.SA. As referidas alterações terão decorrido durante o desenvolvimento do NML.

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