I Jornadas do Quaternário da APEQ; Porto, FLUP, 12-13 Outubro de 2000
 

AS ORIGENS DA PAISAGEM PORTUGUESA AO NORTE DO TEJO: A CONTRIBUIÇÃO DA ANTRACOLOGIA

Isabel Maria de Almeida Carvalho da Rocha FIGUEIRAL

ESA 5059,

Paléoenvironnements, Anthracologie et Action de l’Homme

Institut de Botanique

163, Rue A. Broussonet

34090 Montpellier, France

Telephone number : (33) 4-67-87-33-93

Email address: figueir@crit.univ-montp.2.fr



A paisagem actual das regiões a norte do rio Tejo é o resultado de uma longa evolução natural e cultural. As transformações mais dramáticas ocorreram nos últimos milénios, a partir do momento em que o homem se transformou num agente ecológico eficaz.

O estudo dos carvões de origem vegetal encontrados em contexto arqueológico ajuda-nos a (a) delinear a evolução das transformações sofridas pela vegetação natural ao longo do tempo, (b) estabelecer as causas (naturais /antrópicas) destas transformações , (c) avaliar os recursos vegetais à disposição das populações humanas, (d) apreciar o impacto humano na exploração do território durante os diversos períodos culturais, (e) esclarecer o estatuto de certas espécies vegetais, e (f) compreender os mecanismos que possibilitaram o desenvolvimento da paisagem actual.

Uma primeira síntese dos resultados obtidos pela antracologia em Portugal foi apresentada previamente (Figueiral, 1994). O estudo de mais material e de novas estações permitiu colmatar algumas lacunas e uma melhor compreensão das transformações registadas.

As estações arqueológicas estudadas cobrem um largo período cronológico, desde o Gravetense (Paleolítico Superior) até à Idade Média. A imagem que obtemos dá-nos uma ideia da importância da dicotomia atlântico/mediterrâneo e terras altas/terras baixas. A Serra de Sicó (Estremadura) revelou ser uma área-refúgio para as espécies mediterrânicas durante a última glaciação. A exploração sistemática do bosque climácico no NW e NE a partir do Neolítico final, fomentou a expansão da lande de leguminosas e urzes.

Os dados da antracologia mostraram igualmente que o pinheiro bravo é bem uma espécie nativa no país, colonizando áreas da Estremadura desde o Paleolítico Superior.

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