IIJornadas do Quaternário da APEQ; Porto, FLUP, 12-13 Outubro de 2000

PROBLEMAS E PERSPECTIVAS DO ESTUDO DO QUATERNÁRIOEM PORTUGAL

Suzanne Daveau

Centro de Estudos Geográficos, Lisboa

s.daveau@mail.telepac.pt




Partindo da evocação das sucessivas fases de desenvolvimentoque conheceu o estudo do Quaternário em Portugal - fases de desenvolvimentoque tive a ocasião de apresentar, em Janeiro passado, aquando doencontro de Braga - podemos verificar que o nosso domínio de investigaçãose encontra actualmente em rápida expansão, quer pelo númerode cultores quer pelo alargamento dos temas abordados quer, ainda, pelamultiplicação das técnicas de estudo praticadas.

Importa, portanto, reflectir sobre o papel que pode ter a nossa Associação,frente a esta conjuntura: estará a entrar agora numa fase de estagnação? ou vai continuar a desenvolver-se e assumir um papel de liderançadinâmica e eficaz ?

Um dos problemas que salta a vista, quando se considera a lista dosmembros, é o forte desequilíbrio existente entre os numerososgeólogos e geógrafos, membros da Associação,e os muito raros arqueólogos. Ora, este desequilíbrio nãoreflecte, de modo nenhum, nem o numero de investigadores nestes grandesramos da investigação quaternária, nem o dinamismoe a inovação do seu trabalho.

De um modo mais largo, temos de reflectir sobre a absoluta necessidadede praticar uma verdadeira interdisciplinaridade, entre nós primeiro,mas também entre nós e o variado público que era desejávelatingir e convencer da utilidade do nosso trabalho. Com efeito, a compreensãodo Passado recente (geologicamente falando) é uma absoluta necessidadepara se entender o Presente e, ainda mais, para orientar e justificar qualquerintervenção humana sobre o ambiente que nós rodeia,condicionando assim o Futuro. Temos, portanto, de manter contactos eficazescom o mundo exterior.

Outro problema: a definição, cada vez mais rígida,de "territórios" de trabalho, dependentes de cada centro universitário.Se esta tendência tem inegáveis vantagens de menor custo emaior acessibilidade, tem muitos inconvenientes, ainda piores que os queresultam da habitual manutenção da fronteira nacional, aplicadaa problemas que não tem nada a ver com ela. Os dias de trabalhode campo em comum, que passaram recentemente a praticar-se, me parecemum instrumento muito eficaz de transmissão e aprofundamento da formaçãode todos nós.

Outro problema, ainda, que me parece exigir a nossa reflexão,é o da articulação entre a Inovaçãoe a Continuidade na investigação científica. O actualsistema oficial de projectos de investigação a curto prazodevia ser completado pelo persistente estudo de alguns grandes temas prioritário.A definição destes e a manutenção de instrumentosde estudo e de difusão dos resultados podia ser uma das finalidadesprioritárias da nossa Associação.

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